DIÁRIO DO MERCADO na 2ª feira, 10.04.2017
Bolsa em “compasso de espera” por alguma novidade de Trump. Conjuntura derruba juros e câmbio
Resumo.
Com a elevação das tensões geopolíticas em âmbito externo e obstáculos ao andamento da reforma da previdência no front doméstico na semana passada, o retorno dos negócios foi marcado pela cautela.
Às vésperas da reunião do Copom os investidores digerem uma surpreendente deflação maior do que a esperada na prévia do IGP-M de abril e com revisões baixistas em ambos inflação e Selic no relatório Focus. Isso reacende as discussões outrora dissipadas pelo RTI do Bacen quanto à magnitude do corte de juros a ser determinado pelo Copom na próxima 4ª feira, 12.04, que se depara com uma atividade econômica ainda fraquejante por prazo maior do que o anteriormente previsto.
Ibovespa.
Entre altas e baixas mas nunca distante da predominante estabilidade, a bolsa brasileira operou sem viés, com o volume melhorando tão somente na hora final, refletindo majoritariamente o aguardo dos agentes quanto a novos desdobramentos da reforma da previdência.
A Petrobras liderou a contribuição ponderada ao índice, favorecida não apena pela alta do Petróleo mas pelo upgrade em sua classificação de risco pela agência Moody’s, que elevou sua nota de crédito de B2 para B1 e a perspectiva de estável para positiva.
O Ibovespa terminou o pregão “de lado”, aos 64.649 pontos (+0,09%), com o giro financeiro preliminar da bolsa em R$ 7,15 bilhões, sendo R$ 6,98 bilhões no mercado à vista.
O fluxo de capital externo para a Bovespa em abril segue positivo em R$ 825,28 bilhão, tendo tido saída líquida de R$ 215,8 milhões no último dia 6. Em 2017, acumula agora R$ 4,326 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a 1ª prévia de abril da inflação pelo IGP-M variou -0,74%, invertendo a leitura de +0,25% na 1ª prévia de março e surpreendendo os analistas, que aguardavam uma retração de apenas -0,42%. O índice acumula agora ligeira deflação de 0,01% no ano e +3,74% em 12 meses.
Os preços ao atacado (IPA-M), que possuem um peso de 60% no indicador, retraíram-se 1,21% (IPA agrícola em -3,11% e IPA industrial em -0,52%), ante +0,25% na 1ª prévia de março, sendo os principais responsáveis pela deflação apurada.
Apesar de estar imbuído de um aspecto positivo do recuo da inflação, o dado foi considerado neutro pois as sequenciais leituras com a inflação abaixo do previsto podem significar que a pressão de demanda pode estar aquém do desejável, sinalizando uma retomada econômica mais demorada ou ainda um cenário recessivo mais prolongado.
A tradicionalmente fraca agenda das segundas-feiras mais uma vez cedeu espaço ao relatório Focus do Bacen, que trouxe importantes mudanças em seu compilado de projeções macroeconômicas.
A inflação ao consumidor (IPCA) projetada para 2018 rompeu um jejum de 36 semanas e caiu de 4,50% para 4,46%. Já o PIB projetado para 2017 não se sustentou após uma sequência de dados econômicos desanimadores e uma revisão da meta fiscal pelo governo na semana passada, cedendo do patamar de 0,47% para 0,41%.
Como consequência do disseminado processo desinflacionário e das consecutivas revisões menos otimistas do PIB, a Selic esperada ao término de 2017 também mostrou recuo, baixando de de 8,75% a.a. para 8,50% a.a.
Juros.
Refletindo a prévia do IGP-M menor do que esperada e o relatório Focus com novas baixas nas projeções de Inflação, PIB e Selic, houve queda acentuada ao longo dos vencimentos de juros ao longo de toda a estrutura a termo da curva. Implicitamente as apostas quanto ao corte na Selic pelo Copom na quarta-feira ainda permanecem em maioria nos 100 pontos-base, embora tenham se acentuado marginalmente as apostas em 125 pontos.
Câmbio e CDS.
Sem grandes direcionadores no dia, os investidores mantiveram a cautela no mercado cambial, seguindo o aumento de apostas em uma redução maior da taxa Selic pelo Banco Central, além dos agentes monitorarem o panorama da reforma da previdência e de olho nos movimentos internacionais.
O dólar comercial (interbancário) fechou o pregão cotado a R$ 3,1350 (-0,38%). O CDS oscilava aos 224 pontos, ante 226 pontos da sexta.
Para a terça-feira.
A agenda permanece morna, com predominância de dados do front estrangeiro como a produção industrial na europa e inflação ao consumidor no Reino Unido e China.
No Brasil, a agenda permanece pouco relevante até a quarta feira, quando serão conhecidos os números relativos a vendas no varejo de fevereiro e a decisão do Copom sobre a taxa Selic.
Confira no anexo a íntegra do relatorio sobre o comportamento do mercado na 2ª feira, 10.04.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Sênior, e RAFAEL REIS, CNPI-P, Analista, ambos do BB Investimentos.